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1.
é que você chegou tarde e eu não preparei nada deus, como é difícil entender o que eu estou fazendo aqui uva passa nesta data a dimensão do amor do deus, nosso senhor do pavê ele voltar com a piada do mês antes na janela, rouba os sapatos conta uma história que pairava no ar
2.
pechincha 02:03
só de andar rua a fora e sentir que é demais o peso das coisas ao redor: um casal que não se olha, mas é casal; dois irmãos que se desprezam, mas não podem viver sós... não lamento a desilusão nesses dias que vivemos os momentos se descartam e com eles perecemos no meio tudo volta não importa se fugir se parte num toque se desloque até aqui é seu todo céu que se contém em cima da sua história a cena velha do café diário é sua vida a vista suja da janela do ônibus faz parte
3.
gárgula hidrópica pérgola sórdida abóboda inóspita quase um terrir fábula gótica prática bárbara litúrgica e rápida para o devir aves, sinos, serafins, cegos, vitrais uma procissão e depois um motim dispersos demais
4.
pro tempo 03:25
quem te vê e te perdoa não sabe onde tu foi errar antes tivesse ficado à toa, assim não ia magoar e se eu devo perdão ainda não é tão claro que eu consiga ver quem sabe se o tempo...
5.
foi sempre quando eu quis ter mais opções longe do meu olhar finjo que aprendi, refaço o meu textão perto de me afastar não venha com razões já soube me esquecer antes de explicar mesmo quando dizer não era óbvio, valente então sorrir fez com que eu seguisse em frente sem ver vocês sorrirem, uma mentira à outra, tô bem como é de se esperar de um outro verso em pânico onde pisa os pés, radar mareia onde estiver é lar o cinismo que sugere a vez de amar a falta que rateia o ser que move sem eu suspeitar
6.
a cada ano eu me disperso mais a cada ano a mesa esvazia mais não se empolga, não se anseia era tão simples, puro e direto a idade desfocou meus olhos pra eu não ver a graça e por isso eu sei que ela ainda está lá a idade desfocou meus olhos pra eu não ver a graça e por isso eu sei que ela ainda estala não sei se acredito, mas não importa não sei se acredito de que importa? o propósito pode ser outro é a gente que escolhe, mas pra isso tem que ter toda a gente
7.
quando eu vejo você meu coração voa e sem estar sempre é vez de lembrar e rir à toa eu me sentia culpado por ter medo e fugir para um outro lado você me ensinou o contrário então tudo destoa eu sei essa história de cor mas quando cê conta ela fica melhor e talvez tudo viva ao redor.
8.
no limite sufocante das paredes do meu quarto: o ar que mal circula, o tempo estica e encolhe e haja cabeça pra assimilar, porque ninguém escolhe o humor quando vai deitar qual sua opção pra amenizar o pior? eu já tentei de tudo que pareça com suas soluções que sempre serviram pra mim, mas agora eu me perdi
9.
estrelas tortas cheias de vozes guturais exaustas nuvens deitam debaixo e devagar esvaem-se antes de perceber outras em seu lugar até a dor faz deste tempo uma quieta e tônica trégua como quem reza só para dormir e nunca se importou esperar
10.
quieto 02:08
é que eu cresci e desaprendi a me expressar do seu lado no carro eu fico quieto eu fico quieto, calado eu fico olho pra fora e não sei como conversar não evitei e o tempo me fez discreto tô incompleto, sei que é por isso eu fico quieto, calado eu fico tô incompleto, sei que é por isso tudo acontece enquanto a gente se contém o que sobra não serve sequer pra um adeus e quem foi embora levou consigo sorte de ao menos ter direito a um porém prever e ter tempo de olhar pelo o que é meu o que importa ainda existe e quem se importa sabe o quão triste
11.
quanto tempo a achar sua atenção e esconder depressa para não perder de outro jeito sua pose e seu medo feito mágica surge no espelho uma carta que rasgo enquanto leio de amigos que são demais pra mim
12.
caso velho 02:44
fico pasmo de pensar que passei aqui pronto pra qualquer aventura, livre no tempo adolescente, o caderno cheio de rasura mas não faz mal, é bom ver que a vida vira depressa e depois da esquina um final então entendi, é o jogo de quem não se estressa esperando um sinal só me perco enquanto não escuto seus conselhos será que é porque sua voz já é tão fraca e se perde? ou eu fui ingênuo pra não perceber você indo embora? adeus te avisar (não sei lidar) que era como eu quis. (com partidas e fins) sério eu nunca fui, (foi demais pra mim) me importava com você, por isso te deixei e não voltei
13.
aventura 04:24
pra que você insiste em tamanha lucidez se não é errado ter que voltar por que não desiste e deixe partilhar tudo o que existe aventura eu não fui por desculpas nem me despedi de rancores mas não sorri, pois é horrível mentir se eu sou cor de colorir ilusões sobra pra reinventar dores antigas
14.

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released December 25, 2020

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a casa mais estranha não tem número Rio De Janeiro, Brazil

duo carioca folk lo-fi hi-sinceridade

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